Então, a empresa americana Hamilton Beach, especializada em equipamentos para cozinha, patenteou o primeiro vibrador portátil. Estávamos em 1902.
Como vocês podem ler na propaganda acima, era a Maior Descoberta Médica de Todos os Tempos. E, por favor, vejam a discrição do médico da propaganda à direita. A máquina deveria provocar o tal paroxismo histérico que curaria as pacientes. Acredito francamente que elas melhorassem mesmo! É uma coisa boa! Em 1917, havia mais vibradores nos lares americanos do que torradeiras. Descobriu-se que quase todas as mulheres era histéricas e deveriam ser necessariamente levadas ao paroxismo.
Porém, os anos 20 trouxeram o filme pornográfico e, nele, as “atrizes” curavam sua histeria frente as câmaras. Os filmes fizeram com que o vibrador ficasse estigmatizado como coisa de mulheres da vida, nenhuma mulher fina ou mãe de família poderia ter uma histeria tranquila sabendo que a rameira da esquina fazia uso do mesmo instrumento. A venda de vibradores foi então disfarçada sob formas de discutível sutileza.
Posso imaginar a felicidade daquela esposa que, tendo recebido um aspirador de pó como presente de aniversário de seu marido mongo, se deparasse com a panacéia ao abrir a caixa.
– E aí, amor, o aspirador é bom?
– Uf! Uma maravilha. Nossa casa ficou ótima!
E ficava mesmo pois, ao comprar-se um aspirador, recebia-se isso:
Como já lhes disse, não sou mulher e não sei o grau de sedução que um instrumento desses tem. Para mim, assemelha-se ao maçarico que minha mulher utiliza apenas para fazer Crème Brulée. Acredito que aquele maçarico sirva só para a iguaria. Só a vi em chamas do ponto de vista estritamente metafórico. Digo acredito porque creio que, apesar de nossos esforços sempre somos mongos frente a uma mulher inteligente. Eu, ao menos, garanto que sou.
Já o instrumento acima não tem muito jeito de que vá acordar aquele clitóris mais preguiçoso e sim moê-lo a pancadas. Bem, já disse que minha capacidade de entendimento é limitada e que esta matéria serve apenas para disponibilizar cultura a meus sete leitores.
Havia propagandas mais escondidas, elas ficavam nos classificados dos jornais, tal como a desta senhora que faz vibrar sua caixa craniana com uma britadeira doméstica. Sua postura é tão confortável que só mesmo uma histérica faria a compra da geringonça. E como havia!
Nos anos 40, 50 e 60, a utilização diminuiu muito. O conservadorismo e a religião tornou cada vez mais deselegante o aparelho. Concluo que é mais provável que sua avó usasse um vibrador, mas não sua mãe! Minha mãe, por exemplo, é tão santa que nem imagino como existo. Porém, o vibrador voltou com tudo nos anos 70 e nos 80, principalmente nos 80, quando a música tornou-se tão chata que era melhor divertir-se privadamente. Em 1973, a Hitachi lançou um vibrador revolucionário. Abaixo, a foto da propaganda…
A “modelo” que ergue o mixer acima é Betty Dodson, que criou grupos de masturbação em Nova Iorque. No mesmo ano, também em Nova Iorque, foi fundada a primeira sex shop feminina. A fundadora foi Eves Garden.
Hoje, com a eletrônica fazendo coisas cada vez menores — nem sempre, nem sempre — e livres das tomadas, os vibradores são… ou seriam… ou talvez devessem ser… Bem, traduzo a seguir uma propaganda dos anos 40 (EUA):
… os vibradores são implementos necessários à vida de toda jovem educada. Os vibes estão destinados a fazerem parte da paisagem urbana e um namorado sensível certamente dará um a sua amada no Dia dos Namorados. O vibrador é muito possivelmente o mais potente símbolo de independência feminina. A posse de um vibrador diz ao mundo (ou pelo menos você diz a si mesma!) que não só você está confortável com sua peculiar sexualidade, mas que você é capaz de dar satisfação sexual a si mesma sem ficar esperando a boa vontade de um homem.
A última novidade é que um executivo aposentado da indústria petrolífera patenteou um tipo de vibrador com o qual a mais preguiçosa das mulheres chegará ao orgasmo, mesmo que não queira! O fabricante diz que seu vibrador “empurra e gira, eliminando dessa forma qualquer necessidade de trabalho da usuária”. Só Deus sabe se é verdade.
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