
Com o        lançamento de uma linha de tênis e sapatos fechados,
a        Havaianas caminha para        se consolidar como grife
internacional – pelo menos é esse o        objetivo
Gabriella Sandoval
| The Grosby              Group | 
| EM PÉS              FAMOSOS | 
Depois de transformar suas        modestas Havaianas em moda no mundo todo, a Alpargatas lança-se a  uma nova        empreitada: repetir o sucesso comercial do chinelo de dedo com os  tênis        Havaianas. O resultado, como se vê na página ao lado, é  interessante. Bem        coloridos, os tênis mantêm na sola e na palmilha a mesma borracha  dos        chinelos. No mês passado, a empresa enviou à Europa (e só para lá,  por        enquanto) os pares de estreia da sua linha de calçados fechados  que inclui        os tênis, batizada de Soul Collection. Além dos modelos de cano  baixo e        alto, há uma sapatilha e o bom e velho (e de gosto duvidoso)  sapato de        lona – na nova versão, com borracha no lugar da palmilha de corda.  A        iniciativa tem um viés sazonal. "Os tênis visam aos europeus, que,  por        motivos climáticos, só podem usar as sandálias durante quatro  meses no        ano", diz Carla Schmitzberger, diretora de negócios da unidade de        sandálias da marca. Os modelos, à venda em magazines luxuosos como  Harrods        e Selfridges, em Londres, e Galerias Lafayette, em Paris, custam  entre 28        e 55 euros (em torno de 68        a 133 reais). Os novos tênis e sapatos Havaianas        estarão disponíveis no Brasil a partir de maio, com preços entre  50 e 75        reais. Eles serão vendidos na loja-conceito da marca em São Paulo  até o fim        do ano, quando a distribuição se estenderá às 82 franquias do  país. No ano        que vem, devem chegar aos Estados Unidos. 
Com o lançamento dos sapatos fechados no exterior, a Havaianas caminha para se consolidar como grife internacional. Sua lista de produtos inclui, além dos chinelos de borracha, bolsas de lona, toalhas de algodão e meias. Essas últimas foram feitas para países gélidos, como Ucrânia e Canadá. Todos os itens da marca Havaianas são produzidos no Brasil. As sandálias são fabricadas em Campina Grande, na Paraíba, e respondem por 80% do mercado de chinelos de borracha no país. Elas representam ainda metade do faturamento de 2,4 bilhões de reais do grupo, que conta também com as marcas Topper, Mizuno, Rainha, Dupé e Timberland. Em 1999, quando as exportações em massa tiveram início, apenas 1,3% das sandálias seguia para outros países. No ano passado, 13% dos 190 milhões de pares que deixaram a fábrica tiveram como destino o mercado externo. Os chinelos de borracha estão presentes em oitenta países – os principais compradores são Austrália, Filipinas, Argentina, Estados Unidos, França, Itália e Espanha.
| Fotos              Divulgação | 
| BOLSAS | 
Há nove anos a Alpargatas        começou a arquitetar sua estratégia para vender as sandálias no  mercado        internacional. Depois de enfrentar uma crise no fim da década de        80,        a empresa decidiu ampliar a linha, que por 32 anos        se ancorou em um único modelo, aquele da palmilha branca com  solado e        tiras da mesma cor (quem viveu aquele período provavelmente lembra  que era        comum os surfistas inverterem o solado para ter o chinelo de uma  cor só).        A Alpargatas também aumentou o número de pontos de venda e partiu  para um        marketing agressivo – era preciso mostrar ao mundo o produto de um  país        reconhecido por sua moda praia, mas com poucas referências em  qualidade e        inovação. Em 2003, cada um dos indicados ao Oscar recebeu um par  dos        chinelos com cristais Swarovski. Um ano antes, a marca conseguiu  incluir        seus chinelos no desfile da coleção verão do estilista Jean Paul  Gaultier.        Desde 2007,        a Alpargatas tem escritórios em Nova York e Madri,        que concentram as operações e a distribuição dos produtos pelos        continentes. "A partir dos anos 90, a Havaianas deixou o ciclo        vicioso que privilegiava alto volume, baixo custo e pouco  investimento.        Desde então, ela não para de se reinventar", diz Carla  Schmitzberger.        Reinventar significa, no jargão empresarial, criar artifícios para  manter        uma marca vigorosa. Até aqui, ela tem conseguido.        
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| MODELO              ALPARGATAS | 
As Havaianas são um dos        raros casos de produto nacional que ostenta a sua própria marca no         exterior – não vendem apenas a matéria-prima ou o artigo que  receberá a        etiqueta de outra marca. Além disso, conseguiram fazer do "Made in  Brazil"        um sinônimo de qualidade. No caso das sandálias, associa-se o  produto ao        clima tropical e ao estereótipo dos brasileiros sempre divertidos e         descontraídos. "Qualquer país poderia fazer um chinelo de borracha         parecido, mas a marca conseguiu ser reconhecida como original",  diz        Alberto Serrentino, sócio da GS&MD – Gouvêa de Souza, uma das  maiores        empresas de consultoria em varejo e consumo do país. Nos últimos  anos, nos        Estados Unidos e na Europa, as sandálias ultrapassaram os limites  da        areia. Duas reportagens do The New York Times questionaram a         conveniência de usá-las em ambientes de trabalho, hábito adotado  por        muitos americanos no verão. O melhor marketing é quando elas  aparecem em        pés famosos, como os das atrizes Lindsay Lohan e Megan Fox.  Vieram, como        era de esperar, as edições limitadíssimas. A joalheria H. Stern  chegou a        criar três pares com penas de ouro e diamantes. O preço: 52 000        reais.
|  | CHINELO              COM MEIA | 
|  | TÊNIS              DE CANO ALTO | 
Tiras de história
Inspiradas nas zori, as sandálias japonesas de tiras de tecido e solado de palha de arroz, as Havaianas foram lançadas no Brasil em 1962. Quase meio século depois, estão presentes em oitenta países. Atualmente, há mais de 500 combinações de estampas
Tradicional
Ano: 1962
Com               o solado interno branco e tiras da mesma cor da sola  (pretas, azuis,              vermelhas ou amarelas), o chinelo de dedo conquistou  rapidamente os              consumidores das classes sociais mais baixas por causa do  preço e da              forma como era exposto – amontoado em caixas de papelão nas  seções              de produtos de limpeza das lojas. Na década de 70, a marca              enfrentou as imitações com slogans como "As legítimas" e  "Não              deformam, não soltam as tiras e não têm cheiro". A primeira  forma do              chinelo resistiu ao tempo e ainda representa 30% das vendas  da              marca
Vendas de              chinelos: 100 000              pares/ano
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