Utopia
Pe. Zezinho
F C7 F
Das muitas coisas do meu tempo de criança
C7 F
Guardo vivo na lembrança
F7 Bb
O aconchego do meu lar
Gm C7 Gm
No fim da tarde quando tudo se aquietava
C7 Gm
A família se ajuntava
C7 F C7
Lá no alpendre a conversar
F C7 F
Meus pais não tinham nem escola nem dinheiro
C7 F
Todo dia o ano inteiro
F7 Bb
Trabalhavam sem parar
F
Faltava tudo mas a gente nem ligava
Dm Gm
O importante não faltava
C7 F
Seu sorriso e seu olhar
Eu muitas vezes vi meu pai chegar cansado
Mas aquilo era sagrado
Um por um ele afagava
E perguntava quem fizera estrepolia
E mamãe nos defendia
E tudo aos poucos se ajeitava
O sol se punha, a viola alguém trazia
Todo mundo então queria
Ver papai cantar com a gente
Desafinado, meio rouco, voz cansada
Ele cantava mil toadas
Seu olhar no sol poente
Correu o tempo, hoje eu vejo a maravilha
De se ter uma família
Quando tantos não a tem
Agora falam do desquite, do divórcio
O amor virou consórcio
Compromisso de ninguém
E há tantos filhos que bem mais do que um palácio
Gostariam de um abraço
E do carinho entre seus pais
Se os pais amassem o divórcio não viria
Chame a isso de utopia
Eu a isso chamo paz
Ser goiano
Ser goiano é carregar uma tristeza telúrica num coração aberto de sorrisos. É ser dócil e falante, impetuoso e tímido. É dar uma galinha para não entrar na briga e um nelore para sair dela. É amar o passado, a história, as tradições, sem desprezar o moderno. É ter latifúndio e viver simplório, comer pequi, guariroba, galinhada e feijoada, e não estar nem aí para os pratos de fora.
Ser goiano é saber perder um pedaço de terras para Minas, mas não perder o direito de dizer também uai, este negócio, este trem, quando as palavras se atropelam no caminho da imaginação.
O goiano da gema vive na cidade com um carro-de-boi cantando na memória. Acredita na panela cheia, mesmo quando a refeição se resume em abobrinha e quiabo. Lê poemas de Cora Coralina e sente-se na eterna juventude.
Ser goiano é saber cantar música caipira e conversar com Beethoven, Chopin, Tchaikovsky e Carlos Gomes. É acreditar no sertão como um ser tão próximo, tão dentro da alma. É carregar um eterno monjolo no coração e ouvir um berrante tocando longe, bem perto do sentimento.
Ser goiano é possuir um roçado e sentir-se um plantador de soja, tal o amor à terra que lhe acaricia os pés. É dar tapinha nas costas do amigo, mesmo quando esse amigo já lhe passou uma rasteira.
O goiano de pé-rachado não despreza uma pamonhada e teima em dizer ei, trem bão, ao ver a felicidade passar na janela, e exclama viche, quando se assusta com a presença dela.
Ser goiano é botar os pés uma botina ringideira e dirigir tratores pelas ruas da cidade. É beber caipirinha no tira-gosto da tarde, com a cerveja na eterna saideira. É fabricar rapadura, Ter um passopreto nos olhos e um santo por devoção.
O goiano histórico sabe que o Araguaia não passa de um "corgo", tal a familiaridade com os rios. Vive em palacetes e se exila nos botecos da esquina. Chupa jabuticaba, come bolo de arroz e toma licor de jenipapo. É machista, mas deixa que a mulher tome conta da casa.
O bom goiano aceita a divisão do Estado, por entender que a alma goiana permanece eterna na saga do Tocantins.
Ser goiano é saber fundar cidades. É pisar no Universo sem tirar os pés deste chão parado. É cultivar a goianidade como herança maior. É ser justo, honesto, religioso e amante da liberdade.
Brasilia em terras goianas é gesto de doação, é patriotismo. Simboliza poder. Mas o goiano não sai por aí contando vantagem.
Ser goiano é olhar para a lua e sonhar, pensar que é queijo e continuar sonhando, pois entre o queijo e o beijo, a solução goiana é uma rima.
(José Mendonça Teles. Crônicas de Goiânia. Goiânia: Kelps, 1998)
terça-feira, 2 de junho de 2009
musicas inteligentes,SE QUISER VER MAIS CLIK AQUI
Opine, decifre e interprete as músicas que trazem alguma mensagem em suas letras! O que o compositor quer dizer com isso? Comente!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário