Algumas curiosidades sobre o fusca:
· Antes de ser equipado com medidor de combustível, o Fusca possuía torneira de gasolina de três posições: aberto, fechado e… .reserva! Podia ser operado com o pé, por ficar sob o painel, em cima do túnel do chassi. A reserva de cinco litros permitia andar cerca de 50 quilômetros, o suficiente para encontrar um posto.
· Consta que o Fusca brasileiro foi o único no mundo com dupla carburação.
· Um Fusca é constituído por 5.800 a quase 7.000 peças, dependendo do modelo.
· O VW é o carro que permanece há mais tempo em fabricação com as formas básicas inalteradas.
· Existe pelo menos um Fusca adaptado com motor Ford 302 V8 — montado na dianteira.
· Tanto na Europa como no Brasil, adaptaram-se Fuscas para atravessar lagos: aqui, no do parque do Ibirapuera; na Itália, no Estreito de Messina, na Sicília.
· Fusca não era Fusca se não tivesse o estojo de ferramentas Hazet, alemão, de formato circular e que se encaixava no estepe como se fosse uma calota.
· Remover o motor do Fusca consiste basicamente em soltar quatro porcas que o fixam ao câmbio; o motor não tem suportes próprios.
· Na Europa há uma competição muito popular, que consiste em quebrar recordes com um número cada vez maior de ocupantes em um único Fusca… andando sem quebrar!
· O Sedan é um dos automóveis que conta com o maior número de associações de apaixonados no mundo.
· Houve pelo menos um Fusca quatro - portas.
· Ah, e o Fusca (ainda) não foi para a Lua!
Ser goiano
Ser goiano é carregar uma tristeza telúrica num coração aberto de sorrisos. É ser dócil e falante, impetuoso e tímido. É dar uma galinha para não entrar na briga e um nelore para sair dela. É amar o passado, a história, as tradições, sem desprezar o moderno. É ter latifúndio e viver simplório, comer pequi, guariroba, galinhada e feijoada, e não estar nem aí para os pratos de fora.
Ser goiano é saber perder um pedaço de terras para Minas, mas não perder o direito de dizer também uai, este negócio, este trem, quando as palavras se atropelam no caminho da imaginação.
O goiano da gema vive na cidade com um carro-de-boi cantando na memória. Acredita na panela cheia, mesmo quando a refeição se resume em abobrinha e quiabo. Lê poemas de Cora Coralina e sente-se na eterna juventude.
Ser goiano é saber cantar música caipira e conversar com Beethoven, Chopin, Tchaikovsky e Carlos Gomes. É acreditar no sertão como um ser tão próximo, tão dentro da alma. É carregar um eterno monjolo no coração e ouvir um berrante tocando longe, bem perto do sentimento.
Ser goiano é possuir um roçado e sentir-se um plantador de soja, tal o amor à terra que lhe acaricia os pés. É dar tapinha nas costas do amigo, mesmo quando esse amigo já lhe passou uma rasteira.
O goiano de pé-rachado não despreza uma pamonhada e teima em dizer ei, trem bão, ao ver a felicidade passar na janela, e exclama viche, quando se assusta com a presença dela.
Ser goiano é botar os pés uma botina ringideira e dirigir tratores pelas ruas da cidade. É beber caipirinha no tira-gosto da tarde, com a cerveja na eterna saideira. É fabricar rapadura, Ter um passopreto nos olhos e um santo por devoção.
O goiano histórico sabe que o Araguaia não passa de um "corgo", tal a familiaridade com os rios. Vive em palacetes e se exila nos botecos da esquina. Chupa jabuticaba, come bolo de arroz e toma licor de jenipapo. É machista, mas deixa que a mulher tome conta da casa.
O bom goiano aceita a divisão do Estado, por entender que a alma goiana permanece eterna na saga do Tocantins.
Ser goiano é saber fundar cidades. É pisar no Universo sem tirar os pés deste chão parado. É cultivar a goianidade como herança maior. É ser justo, honesto, religioso e amante da liberdade.
Brasilia em terras goianas é gesto de doação, é patriotismo. Simboliza poder. Mas o goiano não sai por aí contando vantagem.
Ser goiano é olhar para a lua e sonhar, pensar que é queijo e continuar sonhando, pois entre o queijo e o beijo, a solução goiana é uma rima.
(José Mendonça Teles. Crônicas de Goiânia. Goiânia: Kelps, 1998)
sábado, 27 de junho de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário